terça-feira, maio 22, 2007

Desejo

Mas afinal aquilo em que depositamos esperanças durante uma vida pode não se concretizar? Acreditava que não. A pouca experiência de vida dava-lhe razões suficientes, provas provadas, que o mundo é justo no que toca à realização de desejos de verdade. Sim, desejos daqueles que o tempo não apaga. Que estão tão agarrados a nós como uma árvore à terra. Aqueles que em momento algum das nossas vidas foram postos em causa e que não são substituíveis. Desejos que mesmo depois de realizados ainda são desejos.
Tinha ouvido que o universo se unia para realizar as vontades daqueles que o alimentavam com a energia de um grande desejo. Como pode uma energia tão grande ser ignorada? Uma energia que enche um homem de forças, que lhe trilha um caminho, que ocupa o seu pensamento.
Acreditava todos os dias que seria o seu dia. O dia com que sonhava, aquele que lhe estava predestinado. Acordava com a energia da ilusão e adormecia com a alegria da esperança. Será amanhã. Será amanhã. Será amanhã. Esse dia nunca chegou. Nunca lhe foi dado aquilo que lhe pertencia por direito, de insistência. Nunca a sua energia, provavelmente não suficiente, tocou a sensibilidade do universo. Nenhum astro o ajudou, nenhum deus o acudiu. Morreu murcho de desilusões. Morreu com duas palavras nos lábios, “desejo tanto” …