segunda-feira, abril 30, 2007

Na praça

Imaginem: Dezenas de grelhas escaldantes, fumegantes, gordurosas, que libertam na mesma quantidade fumo e comida. Empregados impecavelmente brancos, chamam, pedem, discutem. As narinas respiram o cheiro dos grelhados variados. Ouvem-se as flautas dos encantadores de serpentes, os contadores de histórias e as gargalhadas dos ouvintes, as bailarinas chocalhando as cinturas, o chamamento das mesquitas. Os empregados berram, empurram, convidam. Num crescendo emocional as pessoas transformam-se. Falar não chega, gesticulam, agarram-se, agridem-se para se beijarem logo a seguir.
Sentados em bancos corridos, estranhos a tudo aquilo, avaliamos o desempenho dos artistas. O país, os seus habitantes, a sua cultura, tudo cabe no tamanho de uma praça.