sexta-feira, julho 29, 2005

Despertar














Acordou com o cantar dos pássaros, naquela altura em que o mundo se cala para os ouvir. Ao correr o fecho, a tenda foi invadida pelo ar fresco e puro da manhã. Tinha chovido durante a noite e as folhas que caíram formavam um tapete brilhante. O fogo da noite anterior era agora um amontoado de pedras pretas. À volta dele tinham jantado, bebido, conversado, partilhado. Umas vezes exaltados, outras não, falaram sobre tudo aquilo que lhes atormenta o pensamento. O vinho cumpria o seu propósito e soltava as jovens cabecinhas. Viajaram pelo universo das dúvidas terrenas e buscaram um sentido global nas experiências individuais.
Admirou os raios tímidos que reflectiam o verde mais verde que alguma vez já tinha visto. Sentiu que o homem que acordara não era o mesmo do dia anterior.